Você sabia que existem escalas para avaliação das cicatrizes?

Por: Dr. Rodrigo Motta 6 de agosto de 2021

A cicatrização é um processo biológico natural e fundamental para manter a integridade da nossa pele. Toda vez que sofremos um corte, uma escoriação, ou uma queimadura por mais leve que seja, uma série de processos orgânicos são desencadeados no local para tentar recuperar o tecido que foi lesado.

Quanto maior for o tamanho deste ferimento, maior será a cicatriz. Muitas cicatrizes inicialmente inestéticas tornam-se aceitáveis com o passar do tempo; em geral em um ano ou mais. O aspecto da cicatriz dependerá da sua localização, cor, textura, comprimento, largura e profundidade. Alguns locais do corpo caracteristicamente apresentam forte tendência em formar cicatrizes mais evidentes e inestéticas.

Nas áreas de movimentação constante, como o tórax e os ombros, uma cicatriz inicialmente bem conduzida pode tornar-se alargada. Algumas cicatrizes formadas após uma incisão cirúrgica, quase não deixam vestígios. Porém outras, como as cicatrizes provocadas por queimaduras, às vezes, são muito extensas e podem causar problemas sérios para a vida do paciente.

Inúmeros fatores influenciam o processo de cicatrização: fatores relacionados ao próprio paciente, a localização do ferimento, o tipo de trauma que produziu o dano na pele e a evolução do processo de cicatrização. Mesmo assim, o resultado final é algo imprevisível na maioria dos casos.

Não se deve esquecer que assim que o cirurgião retirar os pontos, a cicatriz ainda continua a merecer cuidados.

Durante o processo de cicatrização são fundamentais alguns cuidados, como hidratação da pele com cremes apropriados. Importante também, é o alerta para que a paciente não tome sol no local enquanto a cor da cicatriz não tiver adquirido a tonalidade normal da pele, utilizando filtro solar para proteger a cicatriz como faria com a pele de qualquer outra parte do corpo.

É muito comum pacientes que passaram por cirurgia plástica manifestarem algum grau de insatisfação com as suas cicatrizes, pois é o desejo de todas as pacientes ter uma cicatriz fina e discreta, para não dizer “invisível”. Assim, muitas pacientes entram em contato com a Betaclin, com o objetivo de suavizar ou até mesmo eliminar as suas cicatrizes.

Mas você sabia que existem determinadas escalas que são aplicadas para a avaliação das cicatrizes?

Exatamente! Essas escalas de avaliação de cicatrizes, utilizam parâmetros como cor, vascularização, flexibilidade e espessura para avaliar, estabelecer notas e classificar as cicatrizes. Escalas subjetivas de avaliação, não invasivas e de fácil manejo, são consideradas clinicamente mais úteis. Uma escala é considerada apropriada para a comparação de resultados clínicos quando é considerada confiável, viável, consistente e válida. Existem, atualmente, cinco escalas de avaliação de cicatrizes que utilizam parâmetros subjetivos de uma maneira objetiva: Escala de Vancouver, Escala de Cicatriz de Manchester, Escala de Avaliação Cicatricial do Paciente e Observador, Escala Análoga Visual e Escala de Avaliação Cicatricial Stony Brook.

A Escala de Cicatrização de Vancouver foi desenvolvida e validada6 especialmente para avaliar o aspecto funcional e estético da cicatriz. É composta por itens referentes à pigmentação, vascularização, maleabilidade e altura da cicatriz; a pontuação final varia de 0 a 13, sendo a menor pontuação correspondente ao melhor resultado.

Se você passou por cirurgia plástica recentemente e notou que a sua cicatriz tornou-se grossa, elevada, avermelhada ou escura, muito provavelmente a sua cicatriz está tornando-se uma cicatriz hipertrófica, ou até mesmo uma cicatriz queloide.

A conduta médica mais recomendada para o tratamento dessas hipercicatrizes, é obtida com a associação da cirurgia de remoção da cicatriz com a betaterapia.

Utilizada há décadas, a betaterapia é um procedimento reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia.

A betaterapia é um tratamento que utiliza partículas beta emitidas por uma fonte de Estrôncio 90 (material radioativo), esse tipo de tratamento irradiante é utilizado para evitar a formação do queloide ou cicatriz hipertrófica, inibindo a atividade dos fibroblastos e dessa forma diminuindo a produção exagerada de colágeno, responsável pelo aspecto hipertrófico das cicatrizes.

A betaterapia está indicada a pacientes de ambos os sexos que possuam uma cicatriz hipertrófica ou queloide em qualquer localização do corpo e que estejam programando passar por uma cirurgia plástica a fim de remover essa lesão. A betaterapia também é recomendada aos pacientes que tenham tendência à formação dessas cicatrizes grossas, espessas.

A primeira sessão de betaterapia deve ter início dentro de 24 a 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno. Em média dez sessões serão prescritas pelo médico radioterapeuta após a consulta médica e avaliação do seu caso.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia. É empregada para evitar a formação de queloide ou cicatriz hipertrófica, devendo ter início em até 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno. De acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.