As cicatrizes são o resultado final do processo natural de cicatrização do corpo humano. Entretanto, devido a inúmeros fatores, alguns indivíduos acabam desenvolvendo cicatrizes volumosas, que crescem além dos limites da incisão cirúrgica. Esse tipo de cicatriz é chamado de queloide; mais exuberante que a cicatriz hipertrófica.
Essas falhas são as responsáveis pelos pequenos relevos que podem aparecer durante o processo de cicatrização das tatuagens. Não é possível prever se elas aparecerão ou não, mas é bom entender os seus mecanismos de formação a fim de reduzir as suas chances de surgimento após uma tatuagem.
Se você deseja fazer uma tattoo e tem medo de que um queloide apareça, continue lendo este artigo. Explicaremos tudo o que você precisa saber sobre queloides, cicatriz hipertrófica e como garantir uma cicatrização totalmente saudável e livre de qualquer alteração!
O processo de cicatrização:
Antes de tudo, vamos explicar como acontece o processo de cicatrização no corpo humano.
Quando a nossa pele é lesionada em uma cirurgia ou tatuagem, o corpo inicia uma reação natural de reparação desse tecido, e o processo de cicatrização ocorre graças a uma série de reações complexas.
Durante esse processo, as células tentam se reagrupar e retornar a seus formatos originais, e ao final da cicatrização, o tecido lesado foi totalmente substituído.
Quando esse processo transcorre de maneira harmoniosa, o resultado final é uma cicatriz fina e discreta, caso contrário podem surgir cicatrizes hipertróficas ou as temidas queloides.
Agora que entendemos o processo de cicatrização realizado pelo corpo humano, vamos entender melhor o que acontece quando a cicatrização não ocorre da forma que deveria.
A cicatriz hipertrófica:
As cicatrizes hipertróficas são alterações fibropatogênicas que ocorrem durante o processo de cicatrização das lesões. Essas alterações se devem à proliferação de fibroblastos na pele e ao acúmulo excessivo de colágeno ocasionado por ferimentos. Muitas vezes são confundidas com queloides, mas, diferente destas, as cicatrizes hipertróficas não ultrapassam a direção da ferida inicial, ficando limitada somente à área do trauma.
A cicatriz hipertrófica surge, normalmente, a partir de seis a oito semanas, mas, em alguns casos, pode se desenvolver logo após a lesão ao tecido. Agentes externos podem contribuir para que o processo de cicatrização não ocorra da forma que deveria e ocasione o surgimento das cicatrizes hipertróficas. Intervenções cirúrgicas e estéticas com incisões mal realizadas, uso de fios inapropriados, área de tensão como tórax e ombros, podem facilmente culminar nesse tipo de cicatriz.
Elas também podem se desenvolver a partir de lesões preexistentes como acne, marcas de vacinação, tatuagens, brincos e piercings.
Tatuagens podem causar queloides?
O queloide é uma cicatriz de alto relevo de cor vermelha, violácea ou castanha escura que costuma aparecer na pele após um trauma, desde os mais simples, como uma vacina, até os mais complexos, como um corte de cirurgia. No entanto, esse tipo de má formação cicatricial tende a ocorre principalmente em pessoas com histórico familiar, pele negra, parda e orientais, e em regiões anatômicas mais propensas aos queloides, como os ombros e tórax.
Quem tem histórico familiar ou tendência à formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, acaba tendo receio de passar por determinados procedimentos, como colocação de piercings, brincos e até fazer uma tatuagem. Mas será que essas pequenas incisões podem levar à formação de um queloide?
Embora haja controvérsias em relação ao tema, tatuagens devem ser evitadas, desde que você tenha de fato um histórico familiar ou pessoal para formação de queloides, principalmente se você pretende tatuar a região dos ombros ou tórax, sabidamente regiões que podem evoluir para cicatrizes mais exuberantes em casos de predisposição à formação de queloides. Assim, o mais indicado é que a pessoa não tatue, para evitar lesões.
Além do queloide que ocorre devido a uma alteração no processo de cicatrização, existe também o queloide do tipo alergênico, causado por uma reação alérgica à tinta da tatuagem. Para saber se você tem esse quadro, converse com seu tatuador e faça um teste com uma pequena aplicação da tinta na pele, e observe se alguma reação surgirá, como inchaço, coceira e vermelhidão. Se ocorrer esses sintomas, o recomendado é não fazer a tattoo.
Mas, se você não apresenta histórico familiar ou pessoal para formação de queloides, sinta-se livre e confortável para expressar essa forma de manifestação artística em sua pele.
Antes de aplicar piercings, brincos ou fazer uma tatuagem, converse com o seu médico e descubra se você tem tendência a esse tipo de má formação. Além disso, é importante ter a certeza da escolha de um bom profissional, de um bom estúdio e da procedência dos materiais usados na tatuagem, assim, as chances da formação de queloide na tatuagem ou de cicatrizes hipertrófica são reduzidas consideravelmente.
Os cuidados após a tatuagem também são fundamentais para que a cicatrização ocorra da melhor maneira possível, garantindo que o seu desenho continue perfeito e sua pele se regenere da maneira que deve.
Escute as recomendações de seu tatuador. Nunca coce a tatuagem, não use produtos que não sejam próprios para a cicatrização de tatuagens, nunca deixe a área suja, faça a higiene adequada da área tatuada limpando com sabão e água corrente, não fique muito tempo no banho e nem use água quente.
Por fim, evitando o sol e usando bastante protetor solar, sua tatuagem estará perfeitamente cicatrizada.
Tratamento dos queloides:
O tratamento reconhecido como padrão ouro para os queloides ou cicatrizes hipertróficas é a associação de cirurgia de remoção dessa lesão benigna mais betaterapia.
Utilizada há décadas, a betaterapia é um procedimento reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia.
A betaterapia é um tratamento que utiliza partículas beta emitidas por uma fonte de Estrôncio 90 (material radioativo), esse tipo de tratamento irradiante é utilizado para evitar a formação do queloide ou cicatriz hipertrófica, inibindo a atividade dos fibroblastos e dessa forma diminuindo a produção exagerada de colágeno, responsável pelo aspecto hipertrófico das cicatrizes.