Quais tratamentos adicionais posso fazer após a betaterapia?

Por: Dr. Rodrigo Motta 21 de maio de 2021

Ao término das sessões de betaterapia, um certo receio em relação a um eventual ressurgimento do queloide ou de uma cicatriz hipertrófica não é desprezível, fazendo com que a paciente na tentativa de se sentir mais protegida, busque outros tratamentos adicionais.

Os tratamentos adicionais após a conclusão da betaterapia e retirada dos pontos, estão respaldados pela literatura médica.

Inicialmente, recomenda-se para as primeiras semanas pós-término de betaterapia, soluções tópicas geralmente manipuladas em formas de cremes ou pomadas, com propriedades emolientes e calmantes, com o objetivo de hidratar e revitalizar a pele.

Substâncias emolientes são óleos vegetais, ácidos graxos e lipídios não gordurosos, com consistência fluida, que espalham facilmente na pele, são substâncias que amaciam e suavizam a pele, dando flexibilidade e ainda agem formando uma espécie de camada protetora, prevenindo contra a perda de água. Substâncias emolientes são indicadas no tratamento de peles ressecadas.

Substâncias calmantes e anti-inflamatórias para a pele, como a calêndula e o Aloe vera, um dos principais cicatrizantes naturais que existem.

Outros compostos costumam também ser adicionados à essas formulações iniciais, para as primeiras semanas após a conclusão das sessões de betaterapia, como o silicone que ajuda a manter o equilíbrio e a hidratação da pele, a alantoína um composto orgânico que promove uma queratólise leve da cicatriz, e tem efeito amaciante, proporcionando maior capacidade de retenção de umidade e, com isso, o alisamento da superfície cutânea e melhor elasticidade da cicatriz. Até mesmo compostos fitoterápicos, também são utilizados, com o extrato de Allium cepa (cebola) que tem papel em inibir o aumento de volume das cicatrizes, sendo encontrado em muitas pomadas e cremes comercializados pela indústria farmacêutica.

Em relação às vitaminas, cabe destacar o papel da vitamina E para uso tópico. A vitamina E tópica possui efeito emoliente e antioxidante, tendo, ainda propriedades na cicatrização das feridas, possivelmente por causa da inibição da síntese de colágeno e redução tanto da proliferação fibroblástica quanto da inflamação.

Se você irá se submeter a algum procedimento cirúrgico, e apresenta tendência à formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, a betaterapia pós-opertória está indicada para o seu caso, com a finalidade de reduzir o risco de formação dessas hipercicatrizes.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia, e de acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.