Prevenção, Diagnóstico e Tratamento para o Câncer de Mama

Por: Dr. Rodrigo Motta 11 de outubro de 2019

Para diminuir as chances de desenvolvimento do câncer de mama, as mulheres devem adotar algumas mudanças no estilo de vida, tanto na fase fértil como na menopausa.

Boa alimentação: diminuir a ingesta de gordura animal e privilegiar as gorduras saudáveis como o azeite de oliva, abacate e oleaginosas (nozes e castanhas). Também são benvindos os vegetais crucíferos, ricos em antioxidantes (fitoquímicos), vitaminais, minerais e fibras. Esses vegetais são a brócolis, a couve-flor, e o repolho. Você também pode colocar na sua lista a cúrcuma (açafrão da terra) e o gengibre. Manter uma alimentação balanceada, ausente de alimentos processados e ultraprocessados, ajuda não só a manter o controle do peso, mas também a prevenir doenças crônico degenerativas e melhor a saúde como um todo. Além disso, um corpo saudável trabalha melhor, prevenindo o surgimento de tumores. Mulheres que consomem vegetais com frequência têm até 45% menos chances de desenvolver câncer de mama, de acordo com um estudo realizado pela Boston University.

Praticar atividade física de maneira regular e orientada ao menos 150 minutos por semana, além de melhorar as funções cardiorrespiratória, óssea e muscular, a atividade física comprovadamente reduz os riscos de doenças cardiovasculares, depressão e câncer, incluindo o câncer de mama. Adolescentes praticantes de exercícios físicos intensos diminuem as chances de sofrer de câncer de mama na fase adulta em até 23%. Nessa análise, a prática de atividade física deveria começar por volta dos 12 anos e durar por pelo menos dez anos para que a proteção contra a doença seja notada. Os exercícios são capazes de reduzir os níveis de estrógeno, hormônio relacionado ao risco de câncer. A prática de exercícios também diminui o estresse e ajuda no controle do peso, fatores que também influenciam no desenvolvimento de câncer de mama. Então que tal começar a correr, malhar, pedalar e nadar?

Estresse: Mulheres que vivem uma rotina muito agitada e estressante têm quase o dobro de chances de desenvolver câncer de mama, quando relacionada a outros fatores de risco. Técnicas de relaxamento e meditação como o Yoga, e Tai Chi, ajudam a controlar o estresse e a ansiedade.

Álcool: O consumo de apenas 14 gramas de álcool por dia pode aumentar as chances de câncer de mama em 30%. O mecanismo de ação pelo qual o consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama ainda permanece desconhecido, mas sabemos que ele influencia as vias de sinalização do estrógeno.

Controle do peso: Ao atingir a menopausa, as mulheres com sobrepeso ou obesidade correm mais risco de desenvolver câncer de mama. E mais: o excesso de peso ainda aumenta as chances do câncer ser mais agressivo.

Amamentação: Mulheres que amamentam os seus filhos por, pelo menos, seis meses, têm 5% menos chances de desenvolver câncer de mama. Quando a mulher amamenta, ela estimula as glândulas mamárias e diminui a quantidade de hormônios, como o estrógeno, da sua corrente sanguínea.

Em mulheres que possuem um histórico familiar significativo de câncer de mama e/ou ovário, é possível realizar um teste para analisar se a paciente é portadora de mutações genéticas (BRCA) que predispõem a doença.

Em alguns casos raros, mulheres com altíssimo risco de desenvolver câncer de mama podem considerar a possibilidade de fazer mastectomia preventiva, isto é, a remoção cirúrgica das mamas, antes do aparecimento da doença.

Diagnóstico:

Até o momento, o exame complementar mais indicado para o diagnóstico precoce do câncer de mama, é a mamografia. A mamografia é capaz de detectar um nódulo (menor que 1cm) antes mesmo que ele se torne palpável. Quando o diagnóstico é feito dessa forma, precoce, as chances de cura tornam-se maiores, descartando a necessidade de retirada de toda a mama (mastectomia) para o tratamento. Apesar de ser um método eficaz, a mamografia não descarta o auto-exame e o exame médico.

A mamografia deve ser feita somente em mulheres acima dos 35 anos, pois as mamas de pacientes mais jovens possuem pouca gordura e isso faz com que pareçam muito densas, dificultando a visualização de lesões.

A mamografia é um exame radiológico feito mediante a compressão das mamas, requisito essencial para o sucesso do exame. Portanto, deve-se evitar a mamografia no período anterior ao da menstruação, quando as mamas estão mais doloridas, pois causará muito desconforto durante a execução do exame. Recomenda-se que ele seja feito aproximadamente uma semana após o período menstrual.

A título preventivo, a primeira mamografia deve ser feita aos 35 anos de idade, mesmo que não exista nenhum sintoma. É importante guardar o resultado de uma mamografia feita nesta idade para que possa servir de base de comparação com as mamografias que serão feitas nos anos subsequentes.

Mulheres com 40 anos, sem sintomas, também devem fazer um exame mamográfico. Mulheres entre 40 e 49 anos devem fazer uma mamografia a cada dois anos. Se houver casos de câncer na família a mamografia deverá ser feita anualmente nesta faixa etária. E, aquelas com 50 anos ou mais, uma mamografia anualmente.

Qualquer paciente que apresente nódulo na mama deve procurar o seu médico e fazer mamografia bilateral o mais breve possível.

Ultra-sonografia Mamária: É feita sobretudo em pacientes jovens, pois a densidade da mama dessas mulheres jovens não permite, em certos casos, a visualização de nódulos na mama. Por outro lado, a diferença entre nódulo sólido e cístico é melhor visualizado pelo exame ultra-sonográfico. Além disso, a ultra-sonografia pode ser usada para orientar as punções de nódulos mamários.

Ressonância Magnética das Mamas: A ressonância magnética é utilizada principalmente em mulheres que já foram diagnosticadas com câncer de mama para determinar com mais precisão o tamanho da lesão. Também é recomendada em associação à mamografia anual para diagnóstico do câncer de mama em mulheres com alto risco da doença. A ressonância magnética não é indicada como um exame de rastreamento de forma isolada.

Tratamento:

O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos anos. Há poucos anos ainda era comum ao surgimento do tumor, a necessidade de retirar toda a mama, incluindo até mesmo o músculo que ficava abaixo e os gânglios da região axilar. Atualmente, as cirurgias costumam ser bem menos invasivas; apenas a retirada de um determinado segmento da mama, a chamada quadrantectomia ou setorectomia, e de alguns gânglios axilares.

Para escolher a melhor conduta em termos de tratamento para a paciente, alguns achados são considerados, como as características do tumor, idade da paciente e número de linfonodos axilares comprometidos pela doença. No momento do diagnóstico, são identificadas as pacientes com risco mais elevado de apresentar focos microscópicos de células tumorais em algum outro órgão. Nesses casos, está indicado o tratamento chamado adjuvante (complementar), que tem por objetivo reduzir o risco de recidiva, que são: hormonioterapia, quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo (imunoterapia).

A escolha do tipo de tratamento adjuvante irá depender do risco de recidiva, e este depende do estádio clínico da doença, das características do tumor que estão descritas no exame da anatomia patológica, da idade e da condição clínica da paciente. Quanto maior o risco de recidiva, mais agressivo deve ser o tratamento adjuvante, empregando protocolos mais intensos de quimioterapia.