Por que devo evitar sol após a betaterapia?

Por: Dr. Rodrigo Motta 20 de novembro de 2020

A betaterapia é um tratamento médico que utiliza a radiação beta na eliminação dos queloides e cicatrizes hipertróficas. Essa radiação ionizante é emitida por uma placa de Estrôncio 90 (material radioativo). A betaterapia está indicada aos pacientes que possuam as chamadas hipercicatrizes (hipertrófica ou queloide) em qualquer localização do corpo e que estejam programando passar por uma cirurgia plástica a fim de remover essa lesão. A betaterapia também é recomendada aos pacientes que tenham tendência à formação dessas super cicatrizes.

A primeira sessão de betaterapia deve ter início dentro de 24 a 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno. Em média dez sessões serão prescritas pelo médico radioterapeuta após a consulta médica e avaliação do seu caso.

Mas, por que devo evitar a exposição solar durante as minhas sessões de betaterapia?

Se o seu cirurgião plástico lhe recomendou sessões de betaterapia pós-operatória, saiba que a exposição solar em praia ou piscina já deve ser evitada desde algumas semanas antes de sua cirurgia, a fim de evitar a ativação dos melanócitos (células que contém a melanina). Também é fortemente recomendado evitar o sol durante o período de tratamento e ao menos por seis meses após a conclusão das sessões de betaterapia. Assim, o sol da praia ou piscina está proibido, pois a radiação beta produzida pela placa de Estrôncio que inibe a atividade dos fibroblastos evitando a formação do queloide, é a mesma que desencadeia uma leve resposta inflamatória local, estimulando por sua vez os melanócitos que acabam pigmentando a região da cicatriz. Por esse motivo, deve-se evitar a radiação ultravioleta (do sol), a fim de não intensificar a atividade dos melanócitos, o que poderia levar a uma hipercromia (mancha) na pele, difícil de ser tratada.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia, e de acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.