O que é o colágeno hidrolisado?

Por: Dr. Rodrigo Motta 27 de setembro de 2019

A preocupação com a qualidade de vida, a prevenção de doenças e com a nossa aparência tem nos conduzido ao consumo de alimentos mais saudáveis e que possuam propriedades nutricionais, funcionais e terapêuticas.

O colágeno é um desses ingredientes com características funcionais; é uma proteína de origem animal, cuja função no organismo é contribuir para a integridade estrutural dos tecidos em que está presente. O colágeno é encontrado nos tecidos conjuntivos do nosso corpo, como os ossos, tendões, cartilagens, vasos, dentes e principalmente a pele.

Após os 25 anos de idade, a deficiência de colágeno começa a ser notada, pois o organismo diminui sua produção, tornando-se por vezes necessária a sua suplementação. Alimentos ou suplementos adicionados de colágeno podem ser utilizados em tratamentos para melhorar a elasticidade e firmeza da pele e na prevenção de doenças, como a artrite, osteoporose.

O colágeno pode ser obtido de diversas espécies animais. No Brasil, a maior parte do colágeno é proveniente dos subprodutos da indústria de carne, em função da elevada produção brasileira de carne para exportação.

O colágeno nativo insolúvel é um subproduto do couro de curtume obtido dos resíduos da derme e do tecido subcutâneo, devendo ser pré-tratado antes que possa ser convertido em uma forma adequada para a extração.

A característica mais importante do colágeno hidrolisado é a sua composição de aminoácidos, fornecendo um alto nível de glicina e prolina, dois aminoácidos essenciais para a estabilidade e a regeneração das cartilagens. Portanto, apresentando efeitos benéficos ao organismo.

Diversos estudos científicos comprovaram os benefícios da ingestão de colágeno hidrolisado, como a melhoria da firmeza da pele, prevenção do envelhecimento, proteção de danos às articulações, e melhoria no tratamento da osteoporose.

Pesquisas sobre a relação entre o envelhecimento da pele e a produção de colágeno têm aumentado nos últimos anos. A principal característica do envelhecimento da pele é a fragmentação da matriz de colágeno na derme por ação de enzimas específicas. Essa fragmentação na estrutura da derme diminui a produção de colágeno, e menor produção de colágeno impede que os fibroblastos recebam informações mecânicas, ocorrendo o desequilíbrio entre a produção de colágeno e a ação de enzimas que degradam o colágeno. Na pele envelhecida, há uma menor produção de colágeno pelos fibroblastos e uma maior ação das enzimas que o degradam, e este desequilíbrio avança o processo de envelhecimento. São comprovados clinicamente que os tratamentos antienvelhecimento, com ácido retinóico, laser, luz intensa pulsada e injeção intradérmica de ácido hialurônico, estimulam a produção de novo colágeno não fragmentado. Esses tratamentos promovem o equilíbrio entre a produção de colágeno e a ação das enzimas que o degradam, retardando o processo de envelhecimento e, consequentemente, melhoram a aparência e a saúde da pele.

Alguns estudos sugerem que a suplementação dietética com colágeno hidrolisado promova a síntese de colágeno na pele. Provavelmente, os peptídeos de colágeno possam aumentar a ação de fibroblastos e a formação de fibrilas de colágeno de uma maneira específica. Esses estudos indicaram que a ingestão de colágeno hidrolisado pode aumentar a produção de colágeno pelos fibroblastos e retardar o envelhecimento da pele, reduzindo as mudanças relacionadas à matriz extracelular durante o envelhecimento por estimular o processo anabólico na pele.

A plenitude do processo de produção do colágeno de um organismo ocorre quando este tem disponível algumas vitaminas e minerais específicos e aminoácidos em uma proporção tal que seja possível construir uma estrutura colagênica, e dependendo da necessidade de cada organismo em repor estruturas colagênicas e da disponibilidade de vitaminas e minerais essenciais ao processo de produção do colágeno pelo corpo, esses fragmentos protéicos (hidrolisados de colágeno) são utilizados como precursores do colágeno da pele, ossos, cartilagens, etc.

Se supostamente uma pessoa que sofreu uma fratura óssea, ingere o colágeno hidrolisado, o organismo dificilmente dá prioridade de utilização desses fragmentos protéicos para construção de colágeno para a pele, dando preferência nesse caso, aos ossos.

A presença desses fragmentos protéicos não provocará grandes interferências na produção de colágeno no organismo, se não houver algumas vitaminas e minerais disponíveis. As principais vitaminas envolvidas no processo de produção de colágeno pelo organismo são C, E, piridoxina, betacaroteno, ácido pantotênico e biotina. Os principais minerais são manganês, selênio, cromo, cobre, zinco e silício.

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, mostrou que o uso do suplemento alimentar hidrolisado de colágeno melhorou a firmeza e a elasticidade da derme, a parte mais profunda da pele, reduzindo a flacidez cutânea. Participaram desse experimento, 60 voluntárias com idades entre 45 e 60 anos, e após 90 dias de uso do colágeno hidrolisado, os testes mostraram uma melhora progressiva da firmeza da pele.

O colágeno hidrolisado é apresentado em pó e embalado em sachês, devendo ser ingerido diluído em água. Um médico ou um nutricionista poderá lhe informar a respeito da melhor forma de como utilizar esse suplemento.