A cicatrização é um processo biológico natural e fundamental para manter a integridade da nossa pele. Toda vez que sofremos um corte na pele, uma série de processos orgânicos são desencadeados no local para tentar recuperar o tecido que foi lesado.
Inúmeros fatores influenciam o processo de cicatrização: fatores relacionados ao próprio paciente, a localização do ferimento, o tipo de trauma que produziu o dano na pele e a evolução do processo de cicatrização. Mesmo assim, o resultado final é algo imprevisível na maioria dos casos.
Diversos produtos e curativos foram desenvolvidos pela indústria farmacêutica na tentativa de regular o processo de cicatrização, minimizando os fatores de risco para cicatrizes patológicas, principalmente as cicatrizes hipertróficas ou queloides. Dentre os mais utilizados, estão a fita microporosa e a fita de silicone.
Na década de 1960, uma grande empresa americana, a 3M, desenvolveu a fita adesiva microporosa hipoalergênica (Micropore®). Essa fita é inelástica, permite a passagem de água através de seus microporos e promove um bom suporte à cicatriz cirúrgica. Atuaria prevenindo a cicatriz hipertrófica supostamente por mimetizar a camada córnea da pele e acelerar o processo de cicatrização.
O doutor Reiffel, em 1994 publicou sua experiência pessoal com o uso de fita microporosa para prevenção de cicatriz hipertrófica; ele relatou resultados favoráveis em mais de 64 casos em que havia utilizado o curativo diretamente sobre a cicatriz, iniciando-se duas semanas após a cirurgia e mantendo-o por cerca de seis meses, com trocas periódicas.
Desde então tornou-se consenso entre a maioria dos cirurgiões plásticos, o uso da fita microporosa em incisões cirúrgicas, com a finalidade de exercer um papel mecânico e oclusivo nas mesmas até sua total reepitelização.
Essa técnica de curativos, foi então denominada no meio médico em nosso país, como a “microporagem da cicatriz”.
A microporagem da cicatriz, resulta numa relativa imobilização cutânea regional, e o consequente “repouso” da cicatriz sob a fita, pela minimização da tração nas margens de sutura. Ainda, se a região da sutura não estiver sujeita a forte ação muscular, pode-se aplicar apenas uma fita adesiva ao longo do trajeto da cicatriz. Porém, se a tração dos músculos regionais for intensa, aplica-se várias fitas perpendiculares ao trajeto da cicatriz.
Os curativos protetores e imobilizadores com fita microporosa devem ser utilizados o mais precocemente possível, e pelo período mínimo de 1 a 3 meses, ou mais, conforme orientação médica.
Mas se você tem risco elevado para a formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, seria de grande valia, pensar na adição da betaterapia após a realização de sua cirurgia, pois a betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia, e de acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.