Uma pesquisa recente da Grossman School of Medicine da Universidade de Nova Iorque sugere que o uso da hidroxicloroquina + azitromicina, associada à suplementação de sulfato de zinco possibilitou aos pacientes internados um aumento de 1,5 vezes na chance de evoluir para melhora do quadro clínico e alta hospitalar. Esse estudo foi publicado em um site médico e ainda não passou por revisão. Além disso, trata-se de um estudo de revisão de prontuários de pacientes.
A hidroxicloroquina despertou interesse e curiosidade globais após o presidente dos EUA imputá-la como possível cura para a covid-19. A declaração foi feita com base em um estudo feito na França, e já citado em nosso blog, mas lembramos que esse estudo teve uma amostragem pequena de pacientes e erros metodológicos importantes, sendo posteriormente refutado por outros pesquisadores.
Até o momento, o maior estudo realizado que empregou a hidroxicloroquina, não mostrou redução de mortes de pacientes com covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A pesquisa envolveu 1.438 pacientes e avaliou o impacto dessa droga tanto com como sem o antibiótico azitromicina.
As conclusões desse novo estudo, realizado nos Estados Unidos, foram publicadas em um artigo no periódico científico JAMA (Journal of American Medical Association). As conclusões dessa pesquisa são as parecidas com as de um outro estudo publicado na The New England Journal of Medicine, na semana passada. Com uma amostragem de 1.376 pacientes, esse trabalho científico indicou que não houve redução de mortes com o uso da hidroxicloroquina nos indivíduos infectados pelo novo coronavírus. Nesse estudo, os pacientes foram divididos em quatro grupos pelos pesquisadores. O maior grupo, com 735 pessoas, recebeu hidroxicloroquina + azitromicina; 271 receberam a hidroxicloroquina; 211 apenas a azitromicina, e o grupo de controle composto por 221 indivíduos, não recebeu nem hidroxicloroquina e nem azitromicina. Esses pacientes receberam os medicamentos antes ou ao mesmo tempo que passaram a usar respiradores mecânicos.
Os pesquisadores notaram que quem recebeu a hidroxicloroquina sozinha ou junto com a azitromicina apresentou mais arritmia cardíaca, e o tempo médio de internação, e o tempo médio em ventilação mecânica não foram alterados.
Apesar dessas duas publicações terem analisados mais de mil pacientes, até o momento, esses novos estudos sobre a hidroxicloroquina não foram conclusivos por possuir limitações quanto ao nível de evidência. Essas respostas definitivas só virão com estudos mais robustos, os chamados Estudos Prospectivos Randomizados, estudos duplo-cego, quando nem médico nem paciente sabem quais medicamentos são usados. Esses estudos podem ter seus resultados preliminares divulgados nas próximas semanas. Até lá, nesse momento de pandemia, o obscurantismo, o negacionismo e a ignorância são os maiores aliados do vírus.