Fitas de silicone, quando posso usar após a betaterapia?

Por: Dr. Rodrigo Motta 28 de maio de 2021

Ao término das sessões de betaterapia, um certo receio em relação a um eventual ressurgimento do queloide ou de uma cicatriz hipertrófica não é desprezível, fazendo com que a paciente na tentativa de sentir-se mais protegida, busque outros tratamentos adicionais.

Os tratamentos adicionais após à conclusão da betaterapia e retirada dos pontos, estão respaldados pela literatura médica.

Inicialmente, recomenda-se para as primeiras semanas pós-término de betaterapia, soluções tópicas geralmente manipuladas em formas de cremes ou pomadas, com propriedades emolientes e calmantes, com o objetivo de hidratar e revitalizar a pele.

A depender da avaliação e conduta do médico responsável pelo acompanhamento de sua cicatrização, o uso de fitas ou adesivos de silicone poderá ter início dentro de 2 a 4 semanas após a conclusão de todas as sessões de betaterapia.

A fita ou o adesivo de silicone têm sido utilizados na prevenção do queloide ou cicatriz hipertrófica desde a década de 80, e inúmeros estudos publicados em revistas médicas de dermatologia e cirurgia plástica têm demonstrado a eficácia deste tratamento preventivo.

Há no mercado, variadas marcas e modelos de fitas ou adesivos de silicone, porém, é bem estabelecida e documentada a propriedade que essas fitas têm em melhorar o aspecto, o resultado final da cicatriz cirúrgica, sendo os mecanismos reconhecidos e responsáveis por essa melhora: o aumento da temperatura local, melhora da hidratação e oxigenação, ação direta do silicone e modulação da resposta imunológica ao processo de cicatrização.

Inicialmente recomenda-se a fita de silicone de uso periódico; devendo esta ser utilizada por um período mínimo e recomendado de 12 horas por dia, e durante 3 a 6 meses. Essas fitas permitem que soluções tópicas possam ser utilizadas durante o dia, e as fitas aplicadas no período noturno.

Conforme a cicatriz vai evoluindo, essas fitas de uso periódico poderão ser substituídas pelas de uso contínuo, ou seja, fitas de silicone que permanecem aderidas à cicatriz durante dias, sendo substituídas à medida que perdem o poder de adesão.

Se você irá se submeter a algum procedimento cirúrgico, e apresenta tendência à formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, a betaterapia pós-opertória está indicada para o seu caso, com a finalidade de reduzir o risco de formação dessas hipercicatrizes.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia, e de acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.