Estrias? Saiba como tratá-las!

Por: Dr. Rodrigo Motta 15 de fevereiro de 2019

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a estria é uma atrofia cutânea adquirida quando as fibras elásticas e colágenas (responsáveis pela firmeza da pele) se rompem e formam “cicatrizes”. As linhas que caracterizam as estrias, são formadas por causa da diminuição da espessura da derme e da epiderme. Elas podem coçar e arder, mas em geral não apresentam sintomas. As estrias ocorrem mais em mulheres, podendo ser discretas ou exuberantes.

Inicialmente, o aspecto das estrias é de lesões lineares rosadas ou cor da pele, deprimidas ou discretamente elevadas e, na fase tardia, tornam-se brancas com espessura e largura variáveis, sendo mais frequentes nas nádegas, coxas, abdome e costas. Em pessoas de pele morena ou negra as estrias podem aparecer com uma coloração mais escura em comparação ao tom da pele.

Não se sabe a causa do surgimento das estrias, mas geralmente essas lesões aparecem após uma distensão excessiva ou abrupta da pele, levando ao início de um processo inflamatório com consequente rompimento das fibras elásticas e colágenas. Esses rompimentos podem ocorrer em situações como: crescimento rápido durante a puberdade, aumento excessivo dos músculos por exercícios físicos exagerados, colocação de próteses ou expansores sob a pele (mamas, por exemplo), gravidez, obesidade, uso prolongado de corticoides orais, injetáveis e até mesmo tópicos. Fatores genéticos também podem estar envolvidos.

Em mulheres é mais comum encontrar estrias nos flancos, coxas, glúteos, abdome e mamas. Acontece muito quando a mulher entra na puberdade, cresce muito rápido, ou ganha peso em um curto espaço de tempo. Na fase adulta, durante a gravidez podem aparecer estrias no abdome e mamas. Atualmente, tem sido frequente o aparecimento após a colocação de próteses de silicone, por conta da distensão dos tecidos de forma abrupta.

Apesar de serem mais observadas em mulheres, os homens também desenvolvem estrias, principalmente em seu processo de crescimento (adolescência), onde elas são mais comuns nas costas e braços, em formato horizontal; já nos praticantes de musculação, podem aparecer na região de ombros e braços devido a hipertrofia muscular, em especial do bíceps e deltoide. Vale lembrar que o uso de anabolizantes pode estimular rapidamente a hipertrofia dos músculos e levar a um rápido estiramento da pele.

Infelizmente, ainda não há nenhuma solução que faça com que as estrias desapareçam, mas estas podem ser tratadas. Porém, os resultados nem sempre são satisfatórios, e isso acontece porque após o rompimento das fibras elásticas e colágenas, não há mais materiais de regeneração no local, e por esta razão, o ideal é que os protocolos de tratamento tenham início logo após o surgimento das estrias. As vermelhas são as mais recentes e mais fáceis de tratar, pois a coloração indica que ainda há circulação sanguínea na região. Já as brancas são mais difíceis, pois existem há mais tempo, sendo a circulação deficitária.

Há diversos tratamentos dermatológicos que diminuem a aparência dessas marcas, como o laser fracionado, carboxiterapia, microdermoabrasão, intradermoterapia, microagulhamento, radiofrequência, fototerapia com LEDs, raios infravermelhos, luz intensa pulsada, ácidos retinóico e glicólico, vitamina C, assim como compostos minerais e fitoterápicos (Striortâ). Se você se incomoda com as suas estrias, procure uma dessas opções, mas tenha em mente que elas não sumirão, sendo os resultados dos tratamentos variáveis, podendo tanto haver melhora importante ou pouca alteração no aspecto.

As estrias causam desconforto e muitos impactos psicológicos e emocionais nas pessoas que as têm, por isso, não banalize ou desmereça alguém que possua essas marcas, pois os danos e problemas ligados à imagem corporal são reais.

As estrias podem e devem ser evitadas antes de se instalarem permanentemente. Um cuidado importante é controlar o ganho de peso, evitando que a pele sofra grandes distensões. O uso de cremes hidratantes, embora não tenha comprovação científica de sua eficácia na prevenção de estrias durante a gestação, é uma prática comum, sendo benéfica para a manutenção da hidratação e qualidade da pele.

Torne os hidratantes corporais, parte de sua rotina diária, beba cerca de dois litros de água por dia e mantenha uma vida saudável, controlando o seu peso (para evitar o efeito sanfona), que também é um grande influenciador no aparecimento das estrias. Pratique exercícios físicos regularmente, aumente o consumo de frutas, legumes, vegetais, cereais integrais, e evite gorduras e doces em excesso. Manter as fibras hidratadas dará maior elasticidade a elas, que não se romperão facilmente.

Referências:

1) Is skin microneedling a good alternative method of various skin defects removal. Zduńska K, Kołodziejczak A, Rotsztejn H. Dermatol Ther. 2018 Nov;31(6).

2) Laser and Light Treatments for Striae Distensae: A Comprehensive Review of the Literature. Aldahan AS, Shah VV, Mlacker S, Samarkandy S, Alsaidan M, Nouri K. Am J Clin Dermatol. 2016 Jun;17(3):239-56.

3) A comparative study of the effectiveness of intense pulsed light wavelengths (650 nm vs 590 nm) in the treatment of striae distensae. Al-Dhalimi MA, Abo Nasyria AA. J Cosmet Laser Ther. 2013 Jun;15(3):120-5.

4) Comparative study between: Carboxytherapy, platelet-rich plasma, and tripolar radiofrequency, their efficacy and tolerability in striae distensae. Ahmed NA, Mostafa OM. J Cosmet Dermatol. 2018 Jun 19.