É normal a cicatriz ficar um pouco escura após as sessões de betaterapia?

Por: Dr. Rodrigo Motta 30 de dezembro de 2020

Utilizada há décadas, a betaterapia é um tratamento médico reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia.

A betaterapia é um tratamento que utiliza partículas beta emitidas por uma fonte de Estrôncio 90 (material radioativo), esse tipo de tratamento irradiante é utilizado para evitar a formação do queloide ou cicatriz hipertrófica, através da inibição da atividade dos fibroblastos na derme e dessa forma diminuindo a produção exagerada de colágeno, responsável pelo aspecto hipertrófico das cicatrizes.

A betaterapia está indicada sempre após a retirada de uma cicatriz queloide ou hipertrófica e em alguns casos de pacientes com tendência à formação desse tipo de supercicatrizes.

Porém, é normal a cicatriz ficar um pouco mais escura ao término de todas as sessões de betaterapia?

A hipercromia, esse escurecimento que surge na região da cicatriz após a realização das sessões de betaterapia é um efeito adverso normal e esperado após este tratamento irradiante, e nada mais é do que uma resposta da pele ao processo inflamatório gerado pela radiação beta.

A inflamação estimula a atividade dos melanócitos, fazendo com que estas células produzam mais melanina, a proteína responsável pela cor da pele e dos cabelos. Este pigmento em excesso acaba escurecendo a cicatriz e a região ao redor desta.

Esse escurecimento pode ser menos ou mais intenso, e está particularmente ligado ao fototipo de pele de cada paciente, ou seja, a capacidade que cada pessoa tem de ficar bronzeada ou vermelha, quando exposta ao sol. Em geral as pessoas com fototipo de pele 1-2 apresentam hipercromia discreta (uma vermelhidão) na região da cicatriz, porém indivíduos com fototipo igual o maior que 4 ou asiáticos tendem a apresentar mais escurecimento na cicatriz que foi tratada.

Vão aí, algumas recomendações para minimizar a hipercromia que surge após a betaterapia: 

1)    evitar o sol algumas semanas antes da cirurgia, para que os melanócitos não cheguem estimulados para as sessões de betaterapia.
2)    evitar o sol durante as sessões de betaterapia
3)    evitar o sol após a conclusão de todas as sessões de betaterapia. Recomendamos seis meses sem exposição solar.

Mas não se preocupe com a hipercromia que surge após a betaterapia, pois ela tende a ser amenizada com o passar dos meses e com os cuidados que lhe serão orientados, mas caso esse escurecimento persista e gere incomodo estético, o mesmo poderá ser tratado com formulações clareadoras para uso domiciliar (homecare) e eventualmente associadas a realizações de peelings químicos específicos, e eventualmente lasers. Tudo sob orientações e cuidados do seu médico.