Depressão é mais comum em quem tem acne

Por: Dr. Rodrigo Motta 9 de setembro de 2019

Não faça pouco caso quando o assunto for espinhas, pois o risco de depressão em pessoas que sofrem de acne é expressivo. Ao analisar informações médicas de uma base de dados no Reino Unido, pesquisadores descobriram que pacientes diagnosticados com acne são mais propensos a ter o transtorno mental no ano em que começam a ter erupções na pele, se comparados aos que não apresentam essa afecção.

Os cientistas trabalharam com informações de 134 mil homens e mulheres com acne, e 1,7 milhão sem esta condição. E os acompanharam ao longo de 15 anos. Apesar dessa patologia da pele ser bem mais comum na adolescência, dados de indivíduos adultos também foram analisados.

Durante os 15 anos de pesquisa, 18,5% do total dos participantes que sofriam com esse problema dermatológico desenvolveram depressão – entre os que não tinham espinhas, o percentual foi de 12%. Os investigadores notaram que o auge do risco de depressão aconteceu no primeiro ano de diagnóstico de acne. Depois de cinco anos, a propensão à depressão de pessoas com ou sem espinhas se equiparou.Uma pesquisa prévia realizada pela British Skin Foundation com 2 mil pessoas com acne ajudou a esclarecer ainda mais os altos índices de depressão que foram observados. Mais da metade dos participantes relatava ter sofrido bullying por conta do aspecto da pele.

Este estudo mostrou uma ligação importante entre a doença da pele e a doença mental. Para os pacientes, a acne é mais do que um incômodo na pele e pode desencadear preocupações significativas.Até quem nunca teve espinhas sabe como a acne pode causar desconforto e constrangimento. E o que estes estudos mostram, é que esse problema pode causar baixa autoestima, ansiedade, insegurança, isolamento social e até depressão.

A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo (4,4% da população global). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença é a principal causa de incapacitação no planeta e o número de casos desta doença só vem crescendo. Aumento de 18% entre 2005 e 2015. No Brasil, os números também não são otimistas. Somos o país com maior prevalência de depressão na América Latina, 11,5 milhões de brasileiros sofrem com o transtorno.

A aparência tem forte impacto emocional e social, principalmente a aparência do rosto. Além disso, a adolescência é um período de muitas mudanças, tanto físicas quanto psíquicas, uma fase em que o visual é importante. O comprometimento estético devido a acne pode causar vergonha, constrangimento, ansiedade, insegurança, isolamento social e até desemprego, afetando muito a qualidade de vida, com consequências sérias que podem persistir por anos ou toda a vida.

Nesses casos, além do tratamento da pele, o acompanhamento com um psiquiatra ou psicólogo também é de fundamental importância.