Corticoide, quando aplicar após a betaterapia?

Por: Dr. Rodrigo Motta 4 de junho de 2021

Ao término das sessões de betaterapia, um certo receio em relação a um eventual ressurgimento do queloide ou de uma cicatriz hipertrófica não é desprezível, fazendo com que a paciente na tentativa de se sentir mais protegida, busque outros tratamentos adicionais.

Os tratamentos adicionais após a conclusão da betaterapia e retirada dos pontos, estão respaldados pela literatura médica.

Inicialmente, recomenda-se para as primeiras semanas após o término da betaterapia, soluções tópicas geralmente manipuladas em formas de cremes ou pomadas, com propriedades emolientes e calmantes, com o objetivo de hidratar e revitalizar a pele. E a depender da avaliação e conduta do médico responsável pelo acompanhamento de sua cicatrização, o uso de fitas ou adesivos de silicone poderá ter início dentro de 2 a 4 semanas após a conclusão de todas as sessões de betaterapia.

Conforme a cicatriz vai evoluindo, e por volta de 3 a 6 meses após a conclusão das sessões de betaterapia, algumas pacientes podem apresentar uma certa hipertrofia na cicatriz, porém é preciso diferenciar de uma hipertrofia normal e aguardada, que tende a regredir no processo de evolução cicatricial, de uma evolução para um queloide. Assim, é de extrema importância que o médico responsável pelo seu caso, examine e avalie essa hipertrofia, pois ele saberá diferenciar uma situação, de outra, e se necessário poderá optar pela infiltração de corticoide na cicatriz.

Infiltrações de corticoide intracicatricial são um tratamento também eficaz e seguro. Essas injeções são administradas pelo médico, uma vez ao mês, podendo levar a uma redução significativa da cicatriz, especialmente aquelas lesões pequenas ou de início recente. Em média cerca de 3 a 6 sessões são necessárias.

Os corticoides foram usados pela primeira vez no tratamento dos queloides em 1950 e desde então tornaram-se uma das terapêuticas mais utilizadas. Esta medicação inibe a síntese proteica e a migração dos fibroblastos (células responsáveis pela síntese de colágeno), mas o exato mecanismo da redução do colágeno ainda permanece desconhecido.

A administração é feita por via subcutânea, e horas após a primeira injeção, boa parte dos pacientes costumam referir melhora das queixas de dor e  prurido; além de abolir os sintomas normalmente presentes no queloide, as infiltrações podem reduzir significativamente o volume da lesão.

A droga mais utilizada para a infiltração é o acetato de triancinolona (Triancil).

Se você passará por algum procedimento cirúrgico, e apresenta tendência à formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, a betaterapia pós-opertória está indicada para o seu caso, com a finalidade de reduzir o risco de formação dessas hipercicatrizes.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia, e de acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.