Como deixar a cicatriz mais fina após a cirurgia?

Por: Mauricio Araujo 3 de setembro de 2021

É muito comum pacientes que passaram por cirurgias plásticas; estéticas ou reparadoras, manifestarem algum receio pelo fato de suas cicatrizes não ficarem esteticamente bonitas, pois é o desejo de todas as pacientes ter uma cicatriz fina, discreta, imperceptível para não dizer “invisível”.

A cicatrização é um processo biológico natural e fundamental para manter a integridade da nossa pele. Nesse processo, há alguns fatores que podemos e outros que não podemos interferir.

Alguns fatores que podemos influenciar de alguma maneira, já são bem conhecidos, como:

  1. Hidratação da pele: uma pele bem hidratada, tanto através do aumento da ingesta de líquidos, como também pelo uso de creme hidratantes na área a ser operada, favorecerá a uma melhor recuperação e cicatrização.
  2. Alimentação: o paciente bem nutrido, sem dietas mirabolantes no pré e pós-operatório, é um fator que ajuda muito no processo de cicatrização. Dê preferência a uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, carnes magras e evite alimentos gordurosos, açucarados e frituras.
  3. Tabagismo: o fumo piora a oxigenação tecidual, o que pode colaborar para um aumento do risco de deiscência de suturas (aberturas de pontos) e infecções.

Há também outras medidas que podemos adicionar no pós-operatório para facilitar o processo de cicatrização. Uma cicatriz para ter boa qualidade, ficar fina, necessita estar livre de tensão sobre ela. O que é essa tensão? É uma força aplicada no sentido contrário ao movimento da cicatriz. Por isso é tão importante a limitação dos movimentos no pós-operatório, e a depender da área operada, o seu cirurgião irá lhe orientar a restringir, limitar o movimento. Um exemplo é o da cirurgia das mamas: evitar levantar os braços.

Diante dessa tensão na cicatriz, o nosso corpo interpreta como uma ameaça que poderá abrir a incisão cirúrgica, dessa forma irá reforçar essa cicatriz, produzindo mais colágeno e elastina, podendo assim, levar à formação de cicatrizes hipertróficas ou queloides.

Além de limitar os movimentos no pós-operatório, outra medida para diminuir a tensão na cicatriz, é a microporagem da mesma. A microporagem da cicatriz é uma técnica bastante simples na qual fitas microporosas hipoalergênicas utilizadas em curativos, são fixadas ao longo de toda a cicatriz, com o objetivo de promover uma diminuição da tensão cutânea, levando à um menor risco de formação de cicatrizes hipertróficas ou queloides.

O último fator envolvido é o sol. Uma cicatriz exposta ao sol, é uma cicatriz que está em constante resposta inflamatória, fazendo com que o nosso organismo interprete como necessidade de reforço, ou seja, aumento na produção de colágeno e elastina, e a cicatriz passa então ficar mais grossa na tentativa de se defender.

Porém, em alguns pacientes, mesmo com todos esses cuidados, a cicatriz ainda torna-se hipertrófica ou queloide. Isso pode realmente acontecer, devido a fatores genéticos envolvidos, mecanismos biológicos individuais de cada paciente.

Ter uma cicatriz fina, é o objetivo tanto dos pacientes como dos cirurgiões plásticos. Por isso, se você tem tendência à formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, recomendamos que a betaterapia seja administrada no pós-operatório imediato com o objetivo de reduzir as chances de formação dessas hiper cicatrizes.

A betaterapia é um tratamento que utiliza partículas beta emitidas por uma fonte de Estrôncio 90 (material radioativo), esse tipo de tratamento irradiante é utilizado para evitar a formação do queloide ou cicatriz hipertrófica, inibindo a atividade dos fibroblastos e dessa forma diminuindo a produção exagerada de colágeno, responsável pelo aspecto hipertrófico das cicatrizes.

A primeira sessão de betaterapia deve ter início dentro de 24 a 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno. Em média dez sessões serão prescritas pelo médico radioterapeuta após a consulta médica e avaliação do seu caso.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia. É empregada para evitar a formação de queloide ou cicatriz hipertrófica, devendo ter início em até 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno. De acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.