Cirurgia plástica segura em período de pandemia da COVID-19

Por: Dr. Rodrigo Motta 5 de junho de 2020

O período do outono e inverno é tradicionalmente marcado pelo aumento na busca por cirurgias plásticas em nosso país. Fato esse que se deve às temperaturas mais amenas nessa época do ano e também por ser o período das férias escolares. Porém com a pandemia da Covid-19, as pacientes que estejam programando passar por uma intervenção cirúrgica, devem redobrar os cuidados pré e pós-operatórios em casa, com a equipe médica e também na clínica em que a cirurgia será realizada. Esses cuidados visam diminuir o risco de contágio pelo novo coronavírus.

Homens e mulheres em período pós-operatório devem redobrar a atenção com o novo coronavírus, pois pessoas recém-operadas estão com o corpo em um processo de resposta endócrina e metabólica devido ao trauma sofrido, no qual o sistema imunológico também está comprometido com a cicatrização da cirurgia.

As pessoas em pós-operatório, se contraírem o vírus, correm o risco de ter diversas complicações tanto em relação à cirurgia, quanto em relação à Covid-19. As complicações decorrentes do novo coronavírus podem ocorrer em pessoas operadas e teoricamente o risco de agravamento do quadro, tende a ser maior do que em pessoas não operadas. Por conta disso, é de conhecimento geral que precisamos tomar atitudes como evitar aglomerações, sair de casa apenas se for extremamente necessário e higienizar frequentemente as mãos. Porém, quem fez uma cirurgia recentemente e ainda se encontra no período pós-operatório precisa redobrar a atenção durante a pandemia. É preciso cuidado, pois a paciente está com o seu sistema imunológico, endócrino e metabólico voltado para o processo de cicatrização. Podemos dizer que: é como se todas as forças estivessem com o foco voltado para a cicatriz cirúrgica.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), todas as pacientes deverão:

a)Passar por rigorosa avaliação pré-operatória: investigação sobre possível contato com pessoas em estado gripal ou oriundas de regiões endêmicas;

b)Criteriosa avaliação clínica e física, ponderando comorbidades e eventuais riscos potenciais (idade, diagnóstico, condição imunológica etc.);

c)Ser informadas sobre a pandemia do novo coronavírus, seus riscos e sua interação com a cirurgia pretendida;

d)Assinar documento de consentimento cirúrgico (de acordo com a rotina de cada médico);

e)Ser informada de que as visitas de familiares e amigos no pós-operatório, devem ser evitadas, podendo-se utilizar meios eletrônicos/digitais (skype, facetime, whatsapp, outros).

f) Obedecer ao rigor na vigilância e informar ao médico qualquer alteração.

A SBCP também tem aconselhado os seus membros que observem com especial atenção, os dados epidemiológicos para Covid-19 do município de sua atuação profissional, e que o retorno às atividades profissionais seja calcado fortemente na responsabilidade profissional e segurança dos pacientes e, sobretudo nas diretrizes das autoridades sanitárias Municipais, Estaduais e Federais. Recomenda-se também, evitar procedimentos em pacientes do chamado grupo de risco (acima de 60 anos, comorbidades presentes como hipertensão arterial, doenças respiratórias crônicas, diabetes, doenças autoimunes, etc.). A SBCP também recomenda aos cirurgiões plásticos a optarem por procedimentos únicos e com tempo cirúrgico menor que 4 horas; assim, cirurgias plásticas combinadas de mastopexia (T invertido) e abdominoplastia não estão indicadas nesse período de pandemia.

O cirurgião plástico deverá oferecer ao paciente o máximo de informações, além das orientações comuns direcionadas a pacientes operadas, como não coçar a cicatriz, ficar de repouso, evitar banhos longos, trocar o curativo, etc. Especial atenção deve ser dada aos esclarecimentos sobre os riscos operatórios e pós-operatórios face à pandemia de Covid-19. A paciente deve assumir responsabilidade solidária, estar ciente dos riscos e cumprir as recomendações médicas, principalmente o distanciamento social pós-operatório, ou seja, a visita de familiares e amigos fica proibida.

Outro fator importante é que todas as cirurgias eletivas devem ser realizadas em ambientes sem pacientes infectados pelo coronavírus, ou seja, em hospitais que não atendam a estes pacientes. Algumas redes nas grandes cidades têm ofertado essa alternativa aos seus pacientes. Quando possível, o teste RT-PCR dever ser realizado; esse teste é considerado o padrão-ouro no diagnóstico da Covid-19, cuja confirmação é obtida através da detecção do RNA do SARS-CoV-2 na amostra analisada, preferencialmente obtida de raspado da nasofaringe.

Por tudo que foi explanado até aqui, converse muito e tire todas as suas dúvidas com o seu cirurgião plástico. Se não estiver segura quanto à realização de sua cirurgia no momento atual, adie, pois isso tudo vai passar!