Betaterapia ou elétrons no tratamento do queloide?

Por: Dr. Rodrigo Motta 25 de outubro de 2019

Utilizada há decadas, a Betaterapia é um procedimento médico reconhecido cientificamente para o controle das afecções hipertróficas da pele (queloide e cicatriz hipertrófica) pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia.

O que é Betaterapia?

A Betaterapia é um tratamento que utiliza partículas beta emitidas por uma fonte de Estrôncio 90 (material radioativo). Esse tipo de radiação, tem baixo poder de penetração na matéria; assim, quando utilizada no tratamento dos queloides ou cicatrizes hipertróficas, a sua ação fica restrita à pele, mais precisamente à camada profunda da derme.

E o uso dos elétrons no tratamento do queloide?

Diferente da radiação beta, os elétrons são produzidos em aceleradores lineares, equipamentos destinados ao tratamento do câncer. Os aceleradores geram radiação X para o tratamento de tumores internos (próstata, pulmão, etc) e os elétrons, destinados ao tratamento do câncer da pele. Devido à sua ação superficial, os elétrons passaram a ser utilizados no tratamento do queloide, porém devemos saber que o paciente submetido à radioterapia em acelerador linear está exposto à uma quantidade significativa de radiação, não apenas no local que está sendo irradiado, mas também em regiões próximas e no corpo.

Pretendo retirar as minhas cicatrizes hipertróficas da mama, devo optar por fazer betaterapia ou elétrons após a cirurgia?

Com certeza o uso da betaterapia é mais indicado, visto que a radiação ficará restrita à pele, eliminando assim o risco de dose de radiação na glândula mamária. Já no tratamento com elétrons produzido no acelerador linear, isso não ocorre. Assim há um aumento no risco potencial para o câncer de mama, devido à exposição à radiação de elétrons e também à radiação espalhada pelo acelerador linear.

E como age a Betaterapia?

A energia proveniente das partículas beta, emitidas pela placa de Estrôncio 90, atuarão na derme, camada da pele onde se encontram os fibroblastos, responsáveis pela produção de colágeno e elastina. A produção exagerada de colágeno é freada pela radiação beta.

Em quais situações a Betaterapia pode ser utilizada?

A Betaterapia pode ser utilizada na prevenção da formação de queloide ou cicatriz hipertrófica.

O que é queloide, cicatriz hipertrófica?

Ambas são cicatrizes elevadas, endurecidas, avermelhadas e frequentemente apresentam coceira e dor. O queloide tem como característica principal, continuar a crescer além dos limites da incisão cirúrgica.

Devo ter receios quanto ao uso desta radiação?

Não, a radiação emitida pela placa de Estrôncio 90 penetra apenas alguns milímetros na pele. O procedimento é totalmente seguro, e deve se acompanhado por um profissional competente, no caso o médico radioterapeuta.

A Betaterapia pode ser aplicada no queloide já formado?

Não, de nada resolve aplicar a Betaterapia sobre o queloide ou cicatriz hipertrófica já presente. A Betaterapia é um tratamento preventivo, portanto, a melhor conduta é a retirada cirúrgica da cicatriz e o início imediato da Betaterapia.

Quanto tempo após a cirurgia devo iniciar a Betaterapia?

A Betaterapia deve ser iniciada até 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno.

Como é feita a aplicação da Betaterapia?

Uma placa metálica radioativa de Estrôncio 90 é colocada em contato com a cicatriz. Esta placa permanece em contato até liberar a dose prescrita pelo médico radioterapeuta.

Quanto tempo dura o tratamento?

O tempo diário (sessão) de cada tratamento varia de acordo com o tamanho da cicatriz.

Quantas sessões devo fazer?

Quem determinará a quantidade de sessões, assim como a frequência das mesmas, será o médico radioterapeuta após a consulta de avaliação. Em média, 10 sessões são indicadas.

A aplicação de Betaterapia é dolorosa?

Não, o tratamento é simples e indolor.

A Betaterapia pode ser realizada em qualquer parte do corpo?

Sim, a Betaterapia pode ser aplicada em qualquer região onde o queloide foi retirado ou onde haja risco para formação desta cicatriz.

Quais são os efeitos colaterais da Betaterapia?

Não há efeitos colaterais; exceto uma hipercromia da pele que pode surgir na região tratada. A pele fica com aspecto de bronzeamento nesta área. Esta hipercromia pode ser leve, moderada ou intensa, e está na dependência do fototipo de pele da paciente assim como histórico recente de exposição solar ou bronzeamento.

Como tratar esta hipercromia que surge após a Betaterapia?

O seu médico lhe indicará uso de cremes clareadores e eventualmente um peeling químico.

Depois das aplicações de Betaterapia é necessário repouso?

Não. O paciente pode exercer suas atividades normais do dia a dia, devendo apenas evitar exposição solar.

Qual é a eficácia da Betaterapia?

A Betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia. De acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a Betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.

A Betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia.

A Betaterapia é utilizada na prevenção da formação de queloide ou cicatriz hipertrófica, devendo ter início em até 48 horas após a cirurgia; período em que os fibroblastos começam a se proliferar para a produção de colágeno.

De acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a Betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.

A Betaterapia deve preferencialmente ser empregada no tratamento do queloide ou cicatriz hipertrófica por ser uma radiação superficial e restrita à pele, diferente da radiação produzida em aceleradores lineares (elétrons) destinados ao tratamento do câncer.