Acne

Por: Dr. Rodrigo Motta 14 de junho de 2019

A acne, é o nome dado a espinhas e cravos que surgem por conta de um processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilosos. Bastante frequente entre os adolescentes, mas também comum nos adultos, principalmente em mulheres. Além do incômodo provocado por estas lesões, a questão estética pode gerar perturbações psicológicas como insegurança, baixa da autoestima e depressão.

Os hormônios sexuais, que surgem na puberdade em ambos os sexos, são os principais responsáveis pelo surgimento da acne. As lesões aparecem com mais frequência na face, mas também podem ocorrer nas costas, tórax e ombros.

As glândulas sebáceas, presentes desde o nascimento, tornam-se mais ativas na puberdade com a produção dos andrógenos (hormônio masculino) e estrógenos (hormônio feminino), desencadeando mudanças relacionadas ao conteúdo de gordura (secreção sebácea) da pele e do couro cabeludo, fazendo surgir as principais lesões, conhecidas pelos nomes de: comedões (cravos); pápulas (arredondadas e eritematosas); pústulas (lesões com pus); nódulos (caracterizadas pela inflamação, que se expande por camadas mais profundas da pele, podendo causar cicatrizes) e cistos (crescem até as camadas mais profundas da pele, provocam dor e podem deixar cicatrizes).

O estresse, o período menstrual, alguns medicamentos (corticoides), vitaminas do complexo B, exposição solar, e até mesmo o inverno, podem piorar o quadro de acne. A acne não está relacionada à “sujeira” no sangue.

A acne é uma doença, e como tal deve ser tratada o quanto antes. É totalmente errado o conceito de considera-la uma condição da adolescência, da “própria idade”, sendo o seu controle recomendado não só por razões estéticas, como também psíquicas-emocionais, além de evitar cicatrizes difíceis de corrigir na idade adulta, como o queloide, por exemplo. Quem tem acne não deve, em hipótese alguma, “cutucar, espremer” as lesões, pois isso pode levar à infecção, inflamação e cicatrizes. Há opções tanto de terapia oral quanto tópica, e o tratamento irá variar de acordo com a gravidade de cada caso. Em formas leves, o tratamento pode ser apenas local, com inúmeros produtos existentes no mercado, isolados ou combinados, porém, quanto o quadro não evolui bem, o tratamento por via oral é recomendado.

Quando não há uma boa resposta aos tratamentos e nota-se uma tendência para cicatrizes ou um importante impacto negativo na qualidade de vida do paciente, deve-se pensar no uso da isotretinoína oral, mesmo em casos moderados. Contudo, esta droga é absolutamente contraindicada quando há possibilidade de gravidez, pois pode causar danos graves ao feto. Os efeitos colaterais mais comuns são: ressecamento dos lábios, nariz, olhos, pele do corpo; aumento do colesterol, triglicerídeos e enzimas hepáticas. Portanto, são necessários exames de sangue antes e durante o tratamento. É obrigatório afastar qualquer possibilidade de gravidez.

Procedimentos complementares, como a limpeza de pele, peelings químicos, e luzes de leds, também mostram bons resultados.

A prevenção à formação da acne começa com a higiene adequada da pele através do uso de sabonetes ou produtos de limpeza indicado especialmente para pela acneica ou oleosa. Atenção à limpeza excessiva, pois pode ser prejudicial à pele, causando irritação e piorando as lesões. Também deve-se evitar o uso de cosméticos que aumentem a oleosidade. Acne tem forte componente genético, e não se relaciona diretamente com alimentação. Apesar de vários tabus, não é necessária nenhuma dieta ou restrição alimentar para seu tratamento ou prevenção. A pele pode melhorar após a exposição ao sol, porém, essa melhora é apenas temporária e a exposição exagerada acarreta piora do quadro.