Devo começar dizendo que o título de nossa matéria deveria ser: o tratamento sistêmico no câncer de mama, visto que a quimioterapia é uma das modalidades que integram o arsenal terapêutico no combate a essa doença. À quimioterapia, juntam-se a hormonioterapia e a imunoterapia. E esses tratamentos são administrados pela via oral ou venosa, sendo denominadas de tratamento sistêmico por terem ação no corpo todo.
O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos anos. Há pouco tempo ainda era comum ao surgimento do tumor, a necessidade de retirar toda a mama, incluindo até mesmo o músculo que ficava abaixo e os gânglios da região axilar. Atualmente, as cirurgias passaram a ser bem menos invasivas; apenas a retirada de um determinado segmento da mama, a chamada quadrantectomia ou setorectomia, e de alguns gânglios axilares.
Para escolher a melhor conduta em termos de tratamento para a paciente, alguns achados são considerados, como as características do tumor, idade da paciente e número de linfonodos axilares comprometidos pela doença. No momento do diagnóstico, são identificadas as pacientes com risco mais elevado de apresentar focos microscópicos de células tumorais em algum outro órgão. Nesses casos, está indicado o tratamento chamado adjuvante (complementar), que tem por objetivo reduzir o risco de recidiva, que são: a quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e a radioterapia. Este último sendo um tratamento localizado e os três primeiros integram as chamadas terapias sistêmicas.
A escolha do tipo de tratamento adjuvante irá depender do risco de recidiva, e este depende do estádio clínico da doença, das características do tumor que estão descritas no exame da anatomia patológica, da idade e da condição clínica da paciente. Quanto maior o risco de recidiva, mais agressivo deve ser o tratamento adjuvante, empregando protocolos variados baseados em quimioterapia, hormonioterapia e/ou imunoterapia.
A quimioterapia é um tratamento medicamentoso, que visa destruir as células cancerígenas, e esses medicamentos podem ser administrados por via venosa (injeção na veia) ou por via oral.
Existem várias situações em que a quimioterapia pode ser indicada, como:
A quimioterapia adjuvante: administrada após a cirurgia, com o objetivo de eliminar qualquer foco invisível da doença. Podemos dizer que de certa maneira, essa modalidade de quimioterapia tem um caráter preventivo, pois busca reduzir o risco de uma eventual recidiva da doença.
A quimioterapia neoadjuvante: administrada antes da cirurgia, busca reduzir o tamanho do tumor, possibilitando a realização da retirada do tumor e procedimentos cirúrgicos menos agressivos. Em função disso, a quimioterapia neoadjuvante é frequentemente usada para tratar tumores localmente avançados na mama. Além disso, administrar a quimioterapia antes do tumor ser removido, possibilita prever como o tumor responde ao tratamento, pois se esse primeiro protocolo de medicamentos quimioterápicos não resultar na diminuição do tumor, o médico oncologista saberá que outras medicações serão necessárias.
A quimioterapia para câncer de mama avançado: a quimioterapia também pode ser usada como tratamento principal, quando a doença está em um estádio avançado, com as chamadas metástases. Quando a doença já se instalou em outros órgãos como o fígado, pulmões e ossos.
Na maioria dos casos, em especial no tratamento adjuvante e neoadjuvante, a quimioterapia é mais eficaz quando combinações de dois ou mais medicamentos são utilizados. Muitas combinações estão em uso no momento, mas, ainda não está clara qual combinação é a melhor.
A hormonioterapia ou terapia hormonal é mais um dos recursos terapêuticos empregados no tratamento do câncer de mama, e assim como a quimioterapia, pode ser administrado antes ou após a cirurgia.
A hormonioterapia costuma ser mais eficaz em pacientes que já entraram na menopausa, visto que essas pacientes costumam apresentar tumores com elevadas concentrações de receptores de estrogênio e progesterona na superfície das células. O tratamento hormonal também pode ser usado nas pacientes antes da menopausa, mas desde que apresentem positividade para receptores hormonais. Esses receptores funcionam como facilitadores para a ação do estrogênio nessas células tumorais.
Atualmente, as medicações utilizadas na tentativa de reduzir a ação de estrogênios sobre as células cancerígenas agem basicamente de duas formas: reduzindo a concentração de hormônios femininos no organismo ou bloqueando a ação dos hormônios nas células.
A imunoterapia é um tipo de terapia sistêmica que utiliza medicamentos que estimulam o sistema imunológico a destruir as células tumorais. O tratamento pode ser feito de duas maneiras: estimulando o sistema imune a trabalhar mais vigorosamente contra as células cancerígenas e/ou oferecendo ao sistema imunológico componentes feitos em laboratório, como proteínas do sistema imune que auxiliam no combate à doença.
Este tipo de terapia aumentou significativamente as chances de sobrevivência para muitas pessoas com melanoma, câncer de pulmão, bexiga e câncer de cabeça e pescoço.