O aumento de volume das mamas através do implante de silicone vem sendo cada vez mais um procedimento cirúrgico comum e popular, assim como os esforços destinados à prevenção e ao tratamento do câncer de mama que vêm tendo uma relevância cada vez maior. Devido à magnitude desses dois temas, vale perguntar: qual a real relação entre a prótese de silicone e o câncer de mama?
Várias são os questionamentos em relação a esse tema: o silicone influencia no surgimento do câncer de mama? Quem já tem a prótese, deve tomar algum cuidado especial? Quais são os riscos e benefícios do implante?
Neste artigo, falaremos sobre a relação entre silicone e câncer de mama. Responderemos as questões acima e daremos algumas dicas e orientações para quem tem prótese.
O implante de silicone aumenta o risco de câncer de mama?
Uma notícia publicada em 2017 pelo jornal “The New York Times” trouxe um alerta americanos para o surgimento de uma forma rara de câncer, o linfoma anaplásico de grandes células, associado ao uso de implante/prótese de silicone texturizados, tanto nos casos de cirurgia estética como nos casos de reconstrução mamária pós-mastectomia.
Trata-se do linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante mamário (BIA-ALCL) é um tipo muito raro de linfoma, e de acordo com a Food and Drug Administration (FDA), na maioria dos casos, este tipo de câncer é encontrado no tecido da cicatriz e no fluido próximo ao implante, mas em alguns casos pode se espalhar pelo corpo da pessoa.
Como já falamos, o BIA-ALCL é muito raro, e seu tratamento também é relativamente simples se comparado aos outros tipos de tumor. Recentemente, a França proibiu o uso e a venda das próteses de silicone texturizadas que têm sido associadas a esse tipo raro de câncer segundo a agência de vigilância sanitária daquele país. Porém, a mesma agência não recomendou que as mulheres que já possuem implantes desse tipo, os retirem como medida de prevenção, já que o risco de desenvolvimento da doença é baixíssimo.
O uso de silicone impede a mulher de fazer o autoexame?
Não! O autoexame pode e deve ser realizado periodicamente por todas as mulheres, de forma cuidadosa. A pressão realizada pelos dedos dificilmente romperá o material do silicone ou o deslocará. Os benefícios do autoexame superam enormemente quaisquer riscos que ele possa oferecer. Com o uso de silicone, no entanto, o autoexame pode ficar prejudicado. Isso ocorre porque o material tem consistência mais firme, podendo falsear a percepção de nódulos que ficam atrás dele. Deste modo, lesões flagradas no autoexame sem o implante podem passar despercebidas.
Como a detecção precoce do câncer de mama é primordial para o seu prognóstico, essa é uma informação importante ao se optar pelo implante. Nesses casos, o exame de ultrassonografia ou a ressonância magnética das mamas pode ser uma opção: esses exames podem visualizar os nódulos imperceptíveis ao autoexame; já o exame de mamografia pode ficar prejudicado com o uso de silicone, que empurra o tecido mamário, dificultando a visualização de lesões.
A pessoa com silicone precisa de cuidados específicos?
A avaliação realizada em pessoas com silicone segue o mesmo ritmo das outras mulheres: o Ministério da Saúde recomenda a realização de exames de imagem a partir dos 40 anos uma vez a cada dois anos; a partir dos 60 anos, ela deve ser realizada todos os anos. A consulta com o ginecologista ou mastologista, com exame preventivo, deve ser realizada anualmente mesmo em mulheres mais jovens.
Após o implante de silicone, o médico da paciente pode solicitar consultas rotineiras de pós-operatório. Nessas consultas, ele analisará se o implante apresenta alguma alteração. Essas consultas após a operação são a melhor estratégia de prevenção de efeitos adversos.
Além dessas consultas, o autoexame também deve ser mais cuidadoso nessas pacientes. Como mencionamos, o uso de silicone pode falsear alguns resultados desse método; por isso, uma inspeção mais aprofundada pode evidenciar tumores que, de outras formas, não seriam sentidos. A avaliação profissional, no entanto, não é muito afetada pelo uso de silicone. Os profissionais com treinamento no rastreio de câncer de mama são capacitados para essa inspeção e têm técnicas de diagnóstico mais precisas.