A betaterapia pode ser usada para tratar estrias?

Por: Dr. Rodrigo Motta 14 de maio de 2021

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a estria é uma atrofia cutânea adquirida quando as fibras elásticas e colágenas (responsáveis pela firmeza da pele) se rompem e formam “cicatrizes”. As linhas que caracterizam as estrias, são formadas por causa da diminuição da espessura da derme e da epiderme. Elas podem coçar e arder, mas em geral não apresentam sintomas. As estrias ocorrem mais em mulheres, podendo ser discretas ou exuberantes, e costumam estar mais localizadas nos flancos, coxas, glúteos, abdome e mamas.

As estrias tendem a surgir na puberdade, devido ao crescimento e eventual ganha peso em um curto espaço de tempo. Na fase adulta, durante a gravidez podem aparecer estrias no abdome e mamas, e atualmente, tem sido frequente o seu aparecimento após a colocação de próteses de silicone, por conta da distensão da pele de forma abrupta.

É muito comum ouvirmos das pacientes que estão se submetendo às sessões de betaterapia após uma cirurgia plástica, a seguinte pergunta: “doutor, a betaterapia pode ser usada para tratar as minhas estrias?”

Infelizmente não! Pois a betaterapia inibe a atividade do fibroblasto, célula responsável por atuar na produção de colágeno, e a estria requer um aumento dessa atividade. Assim, outros tratamentos dermatológicos são indicados a fim de diminuir a aparência dessas marcas, como o laser fracionado, carboxiterapia, microdermoabrasão, intradermoterapia, microagulhamento, radiofrequência, fototerapia com LEDs, raios infravermelhos, luz intensa pulsada, lasers e ácidos. A betaterapia está exclusivamente indicada para a prevenção da formação de queloides ou cicatrizes hipertróficas, as chamadas hipercicatrizes.

Toda paciente ou todo paciente que possua essas cicatrizes, ou tenha tendência à formação das mesmas, deve considerar a realização de sessões de betaterapia após a cirurgia.

A radiação beta produzida pela placa de Estrôncio (material radioativo) irá inibir a atividade dos fibroblastos, células localizadas na camada derme. A inibição dessas células durante o período de realização da betaterapia, diminuirá a quantidade de colágeno produzido, evitando assim a formação de queloide ou cicatriz hipertrófica.

A betaterapia é um procedimento utilizado há décadas, sendo reconhecido cientificamente pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Radioterapia, e de acordo com os trabalhos científicos publicados, pode-se afirmar que a betaterapia previne 80% dos casos, a formação do queloide e cicatriz hipertrófica.